Artigos publicados

Revista Sybil em 2017 (EUA)

Liberdade de escolha ou destino?

Index

  1. Liberdade de escolha ou destino? A visão de conjunto

  2. Aprendendo com as “coincidências” ocorridas e gerando novas

  3. Escolha ou destino?

  4. Desenvolvimento espiritual - expectativas, elementos positivos e ciladas

  5. Meditação ou cachoeira iluminada

  6. Escolhendo a intuição

  7. Médiuns, a meditação e a imaginação Ha

  8. Habilidades mediúnicas e os espíritos

  9. Interpretando os sonhos

  10. A terapia de regressão tratando pensamentos suicidas

  11. Da vida, da morte e da Iluminação espiritual

  1. Liberdade de escolha ou destino? A visão de conjunto

    Questões essenciais sempre fizeram parte de minha vida desde nova, frequentemente fazendo-me rodar em círculos até eu ter a impressão de ir contra a parede. Ouvi várias vezes de fontes diferentes que questões são meio caminho para as respostas, mas isso não me satisfez. Eu queria respostas completas para perguntas como porque eu nasci, o que estou fazendo aqui, se eu tenho liberdade de escolha, se o destino existe e muitos outras.

    Quanto mais velha eu ficava, mais essas questões se tornavam prementes. Eu fui a vários templos e igrejas, diferentes seitas, e li sobre diferentes filosofias. Minhas questões permaneciam. Como eu poderia compreender o Universo com um cérebro limitado? Por vezes, as respostas pareciam estar muito distantes.

    Eu passei por um período de crise nos meus vinte anos, e acabei entrando numa organização que ensinava meditação transcendental e outros tipos de meditação. Novos horizontes se abriram para mim. A meditação era como ver com os olhos fechados. Eu podia ir muito muito longe, e compreender muita coisa, sem a necessidade de as definir. Comecei a confiar que minha imaginação poderia me levar onde e quando eu queria. Senti liberdade, o sentimento mais caro para mim.

    Eu estava me aproximando às respostas de minhas questões. Eu sentia o Universo, ao invés de racionalizá-lo. Mesmo assim, minha mente inquisidora me dizia que tinha que ouvir minha razão. Havia uma luta constante entre meu coração e minha mente, e eu vacilava entre os dois.

    Após muitas décadas de luta entre sentimentos e razão, aprendi a confiar mais na minha intuição, do que na minha óptica extremamente racional e lógica, pelo menos na maior parte das vezes. É como se a gente cedesse, pouco a pouco, para acreditar no seu próprio coração, nossa intuição, ao invés de nossa razão. Há sempre uma “nova escolha’, uma nova decisão. Estou aprendendo cada vez mais que quanto mais acredito no Universo - quer o chame de Deus, de Tao, ou de qualquer outro nome, isso é irrelevante - mais fácil minha vida se torna. Estou me entregando, em situações muito difíceis, para seguir o caminho de menor resistência.

    Eu cheguei à conclusão que seguir o caminho de menos resistência não significa se deixar levar sem fazer nada, nem esperar que as coisas aconteçam por si mesmas. Seguir o caminho de menos resistência significa contribuir para o bem comum de maneira pessoal e com compaixão, dando o melhor de nós mesmos. A vida continuará nos ensinando novas lições, a medida que essas novas lições se tornarem velhas conhecidas.

    Ao longo da minha vida, a liberdade foi um dos conceitos mais caros e, ao mesmo tempo, mais difíceis de aprender. Agora sei que cada vez que estamos numa encruzilhada, nós temos uma quantidade limitada de escolhas, mas que essas escolhas limitadas nos abrem as portas para um número infinito de caminhos e oportunidades. Ou seja, as escolhas só são limitadas temporariamente, mas as possibilidades, que dependem de cada uma de nossas decisões,, são infinitas no tempo. Podemos ir onde quisermos ir, escolha por escolha, decisão por decisão, lição por lição.

  2. Aprendendo com as “coincidências” ocorridas, e gerando novas

    A preparação desse artigo me inspirou a rever as coincidências na minha vida. Comecei a analisar o passado e encontrei coincidências grandes e pequenas, até que me lembrei da maior coincidência de todas. Meus pais se encontraram e me geraram.

    Percebi então, que todos os eventos na vida eram coincidências, em ordem sucessiva. De certa forma, cada evento em nossas vidas é uma coincidência, a conjunção de diferentes elementos, que levam X ou Y a ocorrer.

    Certa vez, por exemplo, eu precisava de uma assistente no meu trabalho e recrutei uma das candidatas que entrevistei. Ela se tornou uma das maiores pedras no meu sapato por anos. Seu comportamento tornou-me doente, e me pos de cama. Eu tinha comprado um livro que um amigo havia sugerido, “Soul Survivor” de James Leiningher na Amazon. A Amazon também tinha sugerido outro livro, de Carol Bowman chamado “Children’s Past Lives”. Eu tinha ambos na estante, mas não os tinha lido. De cama em casa, li ambos. O de Carol Bowman que mencionava frequentemente que havia sido treinada pelo Dr Roger Woolger. Então, procurei na internet ‘training and Dr Woolger’ (formação e Dr Woolger), e descobri que tinha uma formação começando dia seguinte. Decidi participar do curso, apesar de estar doente e de cama. Esse foi o princípio de minha carreira como Terapeuta de Regressão a Vidas Passadas. Estou incrivelmente grata a essa colega desagradável!

    Há sempre oportunidades abertas para nós a cada momento. Podemos pegá-las ou não. Teve uma vez, que eu estava almoçando num café belga, perto de meu trabalho, e olhei para a garota na mesa ao lado. Ela estava lendo uma revista Cosmopolitan em inglês. Perguntei para ela se ela era inglesa. Ela me respondeu que era alemã. Nos tornamos amigas. Muitos anos mais tarde, eu estava com meu filho num restaurante em NYC. Ele reclamou comigo que eu não devia falar com pessoas nas mesas a volta. Eu lhe respondi: “Conheci seu pai, porque comecei a falar com a garota da mesa ao lado. Se eu não tivesse conversado com ela, você nunca teria nascido. Foi ela que me apresentou seu pai'“. Creio que meu filho entendeu, pois nunca mais reclamou sobre isso.

    Se tivermos dúvidas sobre o que fazer, se estivermos numa encruzilhada, e quisermos uma inspiração do Universo, podemos aprofundar nossa compreensão e visão meditando. Podemos também nos inspirar revindo uma vida passada, ou participando de um workshop sobre constelação sistêmica, ou colocando cartas do tarot. Ou podemos caminhar na floresta, ou abrir um livro qualquer numa página qualquer, e por o dedo numa palavra. Há possibilidades ilimitadas de observar sugestões de como proceder. Siga sua intuição sobre o que fazer, que sugestão seguir. Num milésimo de segundo, sua vida pode tomar um rumo completamente diferente.

    De certo modo, a palavra coincidência é só uma definição. Nossa vida resulta de nossas escolhas. O que quer que nos apareça no caminho, será o resultado de nossas decisões e ações precedentes. Podemos facilitar a ocorrência de coincidências felizes a todo momento. Tudo depende de nossa vontade.

  3. Escolha ou destino?

    Todos ouvimos histórias de pessoas que escaparam da morte num momento, só para morrer uns dias mais tarde, de modo semelhante. E nos lembramos dos comentários que as pessoas fizeram “Era o momento deles de morrerem. Era seu destino”, como se nada pudesse impedir o que ia acontecer. Quanto mais casos desses encontrei, mais questões eu me punha sobre a inevitabilidade do destino. Tinha questões como “Nascemos todos com dias contados? Temos o destino já traçado no momento em que nascemos? Nossa morte está pré-determinada?'“

    Um dia, fui a uma sessão espírita (eu não conhecia ninguém na mesa) em que minha convicção no destino foi questionada e, por consequência, me permitiu focar mais na questão de um maneira mais aberta, pois um médium virou para mim e disse: “Querida, temos liberdade de escolha”. Aquela afirmação, vindo do nada, me chocou, pois tocava numa questão profunda que me intrigou por anos. Esse evento foi uma alavanca de mudança na minha vida, pois antes desta observação, eu pensava de maneira circular, que tínhamos nascido numa certa família, num certo lugar, com um destino pré-definido.

    Comecei a perceber que cada decisão geraria novas escolhas com resultados claramente distintos. Cada decisão leva a um resultado diferente. No longo-prazo, essas decisões cobrirão todo um novo universo de possibilidades e novas oportunidades. De certo modo, temo escolhas ínfimas, embora elas não sejam infinitas num determinado momento.

    Tente, por exemplo, parar por um momento, respire a fundo, feche seus olhos e se lembre de algumas decisões que você tomou ao longo de sua vida que pareciam insignificantes no momento mesmo, mas que tiveram um impacto enorme em sua vida. Agora, imagine quão diferente sua vida seria agora, se você estivesse escolhido algo diferente. É claro, nossas decisões contam. É como se tivéssemos que aprender certas lições nesta vida, e cada vez que escolhemos seguir um caminho diferente, nos aproximamos, ou nos afastamos, do que temos que aprender, de nossa missão na vida.

    Então, voltando às questões feitas no primeiro parágrafo, se as pessoas que escaparam da morte num momento, só para morrer uns dias mais tarde de modo semelhante, podemos perguntar como eventos semelhantes tiveram lugar na vida da mesma pessoa. A explicação mais plausível é que a vida se repete, até que possamos aprender através de eventos semelhantes, e aprendamos a escolher algo distinto, mais adaptado à nossa missão na vida. Somos livres a escolher nosso caminho, porém, a vida vai apresentar um certo número de desafios, tantos quantos sejam necessários, até que aprendamos o que realmente temos que aprender. Então, e somente nesse momento, um caminho diferente nos é apresentado, com desafios, lições e resultados novos e distintamente diferentes - quer isso ocorra nesta vida, ou na próxima. Quanto mais cedo aprendermos essas lições, melhor.

  4. Desenvolvimento espiritual - expectativas, elementos positivos e ciladas

    Aos 21 anos eu participei de uma organização de meditação transcendental, a Lifewave, que foi criada por um inglês que tinha vivido 5 anos na índia. Ele enviou os chamados ‘Seres iluminados' '(SI) para ensinar meditação na cidade onde eu vivia, Brasilia.

    Aprendi vários tipos de técnicas de meditação e estudei teorias de desenvolvimento espiritual, do budismo, passando pelo cristianismo e indo ao hinduísmo. Durante esse período de 2,5 anos, eu meditava uma hora de manhã, uma de noite, e seis horas nos Domingos.

    Eu achava que esses SI eram perfeitos, porque eles tinham meditado por muitos anos. No entanto, comecei a observar que eles tinham qualidade e defeitos como todo mundo, contrariamente a impressão de perfeição que queriam apresentar. Para mim parecia ser uma contradição que meditassem tanto, que fossem assim ditos '“iluminados”, porquanto apresentassem tantas fraquezas humanas. Eu fiquei tão desapontada com essas contradições, que saí da organização. Talvez eles devessem ter dito aos estudantes de meditação que eles eram como todo mundo, que a diferença era que se esforçavam mais a meditar. Isso teria me permitido apreciar mais os benefícios de seus ensinamentos.

    Agora, revendo o que se passou, sou profundamente grata por tudo que aprendi na Lifewave. Durante uma meditação, num dos primeiros meses na organização (os 2,5 anos que fiquei lá foram simultâneos com meus estudos universitários), cheguei a um lugar onde tudo parecia uma nuvem branca - e eu era tudo. Não senti nem alegria, nem tristeza, nem preocupações, só uma perfeita harmonia. O sentimento de totalidade, de unidade e harmonia era muito agradável. Aquilo era certamente o Nirvana. Depois que saí daquela meditação, eu achei que chegaria ao Nirvana novamente logo, mas, isso não aconteceu. Chegar lá de novo se tornou num objetivo para mim. Acredito que tenhamos que atingir um nível de consciência do Buda para chegar lá.

    Tive também uma outra experiência semelhante à da Lifewave, em que um médium poderoso, e que eu admirava, demonstrou tanta curiosidade numa dada situação, que chegava a ser falta de ética.

    Até que, finalmente, depois de repassar essa situação e outras semelhantes, eu cheguei à conclusão que todo mundo, independente do nível de desenvolvimento espiritual, é falível - pois nosso lado sombra pode se manifestar aqui e acolá. Também aprendi que o que consideramos ser nosso lado sombra, nosso lado mais fraco ou ruim, pode nos ajudar em certas circumstâncias (no caso de outras pessoas apresentarem o seu lado sombra intensamente, e que precisemos nos defender). Então, nós devemos aceitar e agradecer nosso lado sombra, pois pode ser necessário.

    A única maneira de se sentir completo é compreender quais são nossas qualidades que chamamos de positivas e negativas, e aceitá-las na íntegra. Ainda estou aprendendo essa lição. Talvez, quando formos capazes de aceitar todas as nossas qualidades, e as dos outros, tenhamos chegado ao Nirvana eterno, seremos Iluminados uma vez por todas.

  5. Meditação ou cachoeira iluminada

    Comecei a meditar regularmente quando eu tinha 20 anos e isso me ajudou a ficar mais calma e relaxada, algo que eu precisava imensamente. Mais tarde, a meditação me ajudou a me centrar nos exames e para tratar de traumas típicos na vida com facilidade, assim como a desenvolver uma compreensão de assuntos espirituais.

    A primeira técnica de meditação que aprendi foi a concentração na respiração, imaginando como se esse ar entrasse e saísse do terceiro olho (o ponto na testa, uns 2 cm acima do nariz). Essa foi a técnica mais fundamental que aprendi, e provavelmente a mais poderosa que jamais pratiquei. Também aprendi e pratiquei muitas outras técnicas de meditação como meditação no som, num mantra, na luz, ou em objetos externos (como a chama da vela que forma uma salamandra ou em elementais). Contudo, a primeira meditação que aprendi continua a ser a mais fundamental e efetiva, pois o ar (‘prana’ em hindi) é a força vital que permite a todos nós viver.

    Idealmente, quanto mais somos regulares com a prática de meditação, melhor. Mais vale meditar 10 minutos de manhã e 10 minutos de noite todos os dias, do que 1 hora dia sim, dia não. A meditação pela manhã limpa nossas experiências noturnas e nos prepara para enfrentar o dia. A meditação noturna limpa nossas experiência diurnas e nos prepara para a noite.

    A meditação nos permite sentir mais profundamente, enquanto, ao mesmo tempo, mantemos uma certa distância das coisas. É como se estivéssemos assistindo a um filme intenso, mas sabendo que era somente um filme. Depois da meditação, a pessoa se sente equilibrada e calma. É como se estivéssemos intensamente conscientes do que está acontecendo, mas com um sentimento de distanciamento desses eventos. É como realizar que nosso espírito está sempre presente, mas que nosso corpo está numa morada temporária.

    A meditação é a principal ferramenta do desenvolvimento espiritual a qualquer momento. Há muitas coisas que nos ajudam no nosso desenvolvimento espiritual como as surpresas que a vida nos traz, as mudanças, bem como várias técnicas de desenvolvimento espiritual, mas nada é tão possante quanto a meditação. Além de aumentar nossa capacidade de concentração, a meditação também nos ajuda a confiar e desenvolver nossa intuição, e eventualmente nos levando a aumentar nossa capacidade mediumistica.

    De certo modo, isso nos torna mais conscientes de nós mesmos e de nosso ambiente, bem como estar mais integrados no Universo. Porque deveríamos meditar? Porque é o processo mais natural para permitir que nos sintamos parte integral da natureza.

    A meditação abre uma miríade de realizações espirituais que não teríamos de outro modo. Ela nos prepara para a morte - nossa própria e dos entes queridos - como nenhuma outra técnica, evento da vida ou conhecimento traria.

    E, por fim, vários mestres espirituais mencionam técnicas de meditação como necessárias para chegar a Iluminação. Talvez a meditação não seja o único pré-requisito, mas ela traz consigo uma cachoeira de conhecimentos espirituais a quem medita. Esse conhecimento e a paz que ele traz consigo nos aproxima da Iluminação!

  6. Escolhendo a intuição

    Meu avô alemão costumava dizer “Quando fazemos o que mais gostamos, seremos bem sucedidos”. Eu não entendia isso e lutava interiormente entre o que era lógico e razoável, e o que eu gostava. Percebi que era mais fácil seguir o que eu gostava quando a razão me apoiava. No entanto, era um grande dilema seguir a intuição indo contra a minha lógica.

    Lembro-me quando era um jovem adulto na universidade. Eu tentava não faltar a nenhum curso. Porém, às vezes, eu acordava de manhã cedo com uma sensação clara de que não deveria ir às aulas naquele dia. Mesmo assim, eu decidia ir para a Universidade, somente para chegar lá e receber a notícia de que não haveriam aulas naquele dia. Naqueles momentos, eu me perguntava porque não segui minha intuição.

    É claro que faltar a algumas aulas na universidade não é grave, pois o aluno pode sempre estudar mais tarde. Haviam decisões mais importantes na vida, em que eu deveria ter seguido meu coração, não minha mente lógica. Por exemplo, eu estava estudando simultaneamente Economia e Relações Internacionais, mas odiava o curso de Economia e adorava o de Relações Internacionais. Eu não tive coragem de largar o curso de Economia, mesmo sabendo que eu nunca ia querer trabalhar como economista. Eu deveria ter seguido minha intuição e largado o curso, pois eu teria ganho 3 anos que eu poderia ter aproveitado de outra maneira.

    O que é a intuição, então? Seria a intuição o que está no nosso âmago mais profundo, o que mais gostamos, ou simplesmente um saber do nosso subconsciente do que é melhor para nós? E como saberemos separar o trigo do joio no momento em que teremos que decidir algo que terá um impacto profundo em nós? Essas são todas boas questões que deveriam ser levadas em conta no momento de uma grande decisão.

    Por experiência, acredito que é melhor ir aumentando nossa bravura pouco a pouco na maneira de quanto arriscamos confiar em nossa intuição. Além so mais, se acertamos a maior parte das vezes, estaremos num bom caminho para seguir confiando em nossos palpites.

    Se, ao contrário, chegarmos à conclusão de que em certas situações, o que considerávamos ser nossa intuição era só uma vontade de fazer algo, sem nenhuma base, então, devemos parar, analisar como havíamos sentido no momento anterior a agir, e tentar entender o que deu errado.

    Infelizmente, não há regras pré-definidas de como determinar se o que estamos sentindo é uma intuição verdadeira de como seguir o melhor caminho, ou se é só um sentimento passageiro não relacionado com a intuição. Cada um de nós deve tentar testar nossa própria lógica, nosso raciocínio, sentimentos e inclinações para entender a maneira que tomamos uma decisão, e permitir que possamos ir um pouco mais longe, até o ponto em que seguir nossa intuição se torna algo natural, e nossa vida flua facilmente.

  7. Médiuns, a meditação e a imaginação

    Frequentemente, ouço pessoas admirarem os médiuns como se eles fossem uma raça aparte, quando, em realidade, todos temos habilidades mediúnicas num grau maior ou menor. Muita gente vê neles uma áurea de mistério ou poder, porque eles vêem, ouvem, sentem ou cheiram coisas que outras pessoas não estão conscientes de que existem. É como se tivessem melhores instrumentos para interagir com o meio ambiente e serem mesmo capazes por vezes de predizer o futuro através de imagens, sonhos premonitórios ou através de uma forte intuição de que algo vai acontecer.

    Isso pode ser tudo verdade, e parece grandioso, mas como o símbolo do Tao que é meio preto, meio branco, com um ponto da cor oposta em cada lado, há sempre dois lados de tudo (pelo menos dois). Ser médium significa ter uma sensibilidade aguda ou um sentimento profundo, e sentir o que é positivo mais a fundo do que a maior parte das pessoas, e também sentir o que é negativo mais do que a maior parte. Devido à essa extrema sensibilidade, o médium está sempre buscando maneiras de se equilibrar, como se tivesse que afinar um diapasão que precisa estar perfeitamente harmônico.

    De forma a estar harmonioso, o médium pode tentar reduzir o desequilíbrio que sente no ambiente de várias maneiras, como meditando com mais frequência, fazendo mais exercícios, cantando, ou qualquer outra atividade. A meditação regular, mais do que qualquer outra atividade, permitirá ao médium ter um canal direto ao seu eu superior, e a outras níveis superiores, onde terá a possibilidade de ter mais visões do mundo espiritual. Ao mesmo tempo, a meditação também fará com que o médium seja mais sensível ao meio ambiente, no que resultará numa maior necessidade de meditar.

    Ou seja, o médium é como um canal do mundo espiritual para comunicar para o nível físico o que é mais importante e necessário para manter o equilíbrio e a harmonia. Os médiuns precisam meditar cada vez mais para aumentar sua capacidade de comunicação com o mundo espiritual, e, ao mesmo tempo, vai ter maior sensibilidade para os níveis físicos, emocionais e mentais. Além disso, a meditação regular permitirá ao médium de voltar a um ponto de equilíbrio (temporariamente).

    Ouvi muitas pessoas que querem adquirir maiores capacidades mediunísticas, o que é possível de ser feito de várias maneiras, como descrito acima. A meditação não é a único caminho para aumentar essas capacidades. Entrar em transes shamânicos aumentarão a capacidade da imaginação, como participar de grupos de regressão ou muitos outros. Desenvolver nossa imaginação é uma boa maneira de nos livrar-nos de nosso bloqueios, independente da natureza desses bloqueios. Nossa imaginação é capaz de ir muito longe, mais do que jamais conseguiríamos com nossos corpos.

    Então, se houvesse uma receite para se tornar mediúnico, seja atento ao seu ambiente, se abra para novas idéias libertando sua imaginação e curiosidade, e medite com regularidade. A vida se encarregará de aumentar os fenômenos espirituais a sua volta, de forma que você possa desenvolver sua coragem de encontrar todos os tipos de espírito e estar pronto a ajudar espíritos, encarnados ou não, a vários níveis.

  8. Habilidades mediúnicas e os espíritos

    Eu vivi numa casa mal-assombrada por 17 anos em Brasília. Na época, eu não sabia o que fazer para que o fenômeno não me aborrecesse. Eu tentei ignorar as manifestações, que aconteciam especialmente de noite. Quando eu ia para a cama, eu me repetia na cabeça “Vou dormir de qualquer jeito”. Algumas vezes, isso funcionava, e eu conseguia dormir. Noutras vezes, eu ficava com medo e pedia à minha mãe para dormir na sua cama. Eu podia sentir alguém sacudindo as minhas pernas… Eu sentia o contacto, mas não conseguira ver quem era. Eu também ouvia barulhos de metal arranhando no jardim… Porém, quando eu olhava pela janela, eu não via ninguém nem nada se movendo. Nosso carrinho de jardineiro estava exatamente no seu lugar.

    Com o passar do tempo, à medida que minha mãe e meu irmão se tornavam conscientes do problema, as manifestações aumentaram. Contactamos dois médiuns conhecidos na nossa cidade para acabar com o problema. O fenômeno diminuía um pouco por uma ou duas semanas, mas piorava muito depois. A única pessoa que conseguiu acabar com o problema foi uma senhora muito pobre, que morava numa favela, Myrtle (não seu nome verdadeiro), que não queria receber nenhum dinheiro pelo seu trabalho. As manifestações pararam graças às capacidades mediúnicas de Myrtle e à cerimônia shamânica que conduziu.

    Comecei a perceber que eu eu podia sentir a presença dos espíritos, ouvir seus barulhos e observar suas manifestações (em lugares diferentes). Ocasionalmente, eu veria um espírito, mas eu não sabia como removê-los. Com o tempo e depois de mais experiências deste tipo, desenvolvi algumas técnicas para identificar sua presença. Então, se eu sentisse uma brisa fria perto de mim, quando nada mais estava frio, ou quando eu sentia um perfume agradável ou desagradável sem uma causa aparente, eu sabia que um espírito estava presente. Algumas vezes o cheiro me acompanharia, ou a pessoa que estava em minha companhia, mas às vezes, não.

    Um médium pode sentir, ver, ouvir e/ou cheirar manifestações de espíritos que estão no ambiente perto, ou mesmo senti-los no corpo de outra pessoa (mas às vezes os espíritos conseguem se esconder bem). Então, como remover os espíritos? Há muitas técnicas que podem ser usadas, dependendo das capacidades do médium e da situação. Se o espírito estiver no corpo de uma pessoa (vou chamá-la de hospedeiro), o médium pode falar diretamente com o espírito, usando o hospedeiro como canal, ou o médium pode invocar a ajuda de anjos, ou animais espirituais (ajudantes espirituais) para tirar os espíritos e levá-los para a Luz.

    Outra opção, especialmente para um local mal-assombrado, é começar por uma reza, e usar nossa imaginação (todos podem fazê-lo, pois todos têm um certo nível de capacidades mediúnicas) para fazer uma cerimônia bonita e poderosa, em alto e bom som, e invocar o apoio de ajudantes espirituais para levá-los para a Luz.

  9. Interpretando os sonhos

    Quando éramos pequenos, tínhamos muitos sonhos e pesadelos. Ficávamos felizes com os sonhos, mas não com os pesadelos. Então, encontramos maneiras de bloquear os pesadelos, bloqueando deste modo os sonhos também. Depois, íamos dormir, e acordávamos de manhã com a impressão de que não sonhamos. Temos que decidir se queremos sonhar de novo, aceitando que os pesadelos se expressem também, para ter as visões que eles nos traziam.

    O que são os sonhos, ou sonhos assustadores (também chamados de pesadelos)? São uma tentativa de nosso subconsciente, ou, como alguns o chamam, de nosso eu superior, de passar mensagens a nosso consciente. Caso nos lembremos ou não, todos nós sonhamos.

    Os sonhos nos trazem mensagens de tipos diferentes. Alguns trazem uma sugestão de como resolver problemas difíceis em nossa vida, ou a chave de como resolver teorias complicadas. Ou ainda talvez uma premonição do que irá acontecer no futuro (como se nos preparasse para algo). Na minha experiência, a diferença entre sonhos premonitórios e sonhos que nos ajudam a resolver algum problema é que os sonhos premonitórios parecem ter imagens simples, que se explicam por si mesmas, enquanto os sonhos-solução vem com simbologia pesada, que tem que ser interpretada. Mas, alguns sonhos são uma mistura de solução e premonição, mas cada um de nós terá que desenvolver suas próprias técnicas para diferenciá-los. Há também sonhos mais simples que são o resultado de algo que nos causou muita impressão.

    Como podemos aproveitar melhor as mensagens de nossos sonhos? A maneira mais fácil é ter sempre a mão papel, caneta ou um lápis ao lado da cama, de forma que possamos escrever imediatamente o sonho, incluindo todos os detalhes que nos lembramos, independente de quão absurdo o sonho nos pareça. Os sonhos frequentemente têm uma simbologia pesada, aparentemente sem sentido. A melhor pessoa para interpretar os sonhos não é o terapeuta, nem um clarividente, mas a pessoa que sonhou ela mesma, porque essas estarão mais conscientes de seus pensamentos, sentimentos e problemas do que qualquer outra pessoa. Saberão intuitivamente a que o sonho se refere.

    Caso não entendamos a mensagem imediatamente - isso raramente acontece - vale a pena repassar os sonhos e seus detalhes em nossa cabeça, tentando fazer um paralelo entre o sonho e as questões e dificuldades que temos em nossa vida presente. Se pusermos energia em compreender o sonho, poderemos ter o sentimento de ‘Eureka!’ por termos compreendido a mensagem numa semana ou menos.

    Certa vez, por exemplo, sonhei que estava num carro velho que eu tive, e que entrei numa garagem esquisita. Ouvi vozes de uma brasileira e de um holandês conversando, e aí vi cachorrinhos pretos e brancos que alguém tinha tentado afogar. Eu queria salvar qualquer cachorrinho que pudesse ainda ser salvo, mas sair de garage parecia quase impossível, como se o caminho de volta parecesse estar cada vez mais difícil de passar (estava cada vez mais inclinado). Qual era a mensagem do sonho para mim? Passei uma semana para decifrar: “Venda todas suas velhas ações, pois elas se desvalorizarão quanto mais tempo passar”. Era verdade.

  10. A terapia de regressão tratando pensamentos suicidas

    A terapia de regressão é bastante poderosa. Ela usa hipnose para ajudar pacientes rememorarem um problema importante para sobrepujar seus traumas. A ideia é se lembrar do passado para esquecê-lo, e conseguir seguir em frente sem grandes feridas não tratadas. Há muitas outras técnicas que podem complementar a terapia de regressão a vidas passadas, como constelações familiares, shamanismo, a meditação e a oração. Um bom terapeuta deve ter à mão uma variedade de técnicas à sua disposição para o maior benefício do paciente.

    Certa vez tive um paciente que vou chamar de Alex (anonimizado), que parecia ter colectado quase todos os problemas que uma pessoa pode ter numa vida, tais como uma infância abusiva, pais sem amor e a ausência de uma família que o apoiasse enquanto crescia. Ele tinha tentado suicídio.

    Alex queria entender o porquê de ter que passar por tantas dificuldades em sua vida, e queria entender suas questões familiares melhor, e ser mais consciente de si mesmo.

    Eu rezei a Deus pedindo para ajudar-me a ajudar o paciente antes dele chegar na minha sala de terapia. Eu não tinha a menor ideia de onde começar, pois ele tinha muitas questões, mas senti que seria melhor começar com uma vida passada feliz. Isso foi um bom princípio.

    Em seguida a essa experiência, eu disse a ele voltar à vida passada que estava relacionada com suas experiências presentes e ele voltou a uma vida que começou bem. Alex era uma mulher na vida passada, que perdeu tudo (todos os entes queridos morreram num acidente), e ela decidiu acabar com sua vida mais cedo do que a vida queria.

    Depois da morte, seu espírito se encontrou com os guias espirituais na Luz. Eles disseram que seu espírito não cumpriu sua missão para aquela vida. O plano era enfrentar os desafios de sua vida e morrer velho de morte natural. Alex perguntou se ele podia ficar em casa (na Luz), se podia ficar lá. Os guias espirituais responderam que Alex poderia ficar na Luz quando fosse capaz de enfrentar os desafios que a vida traz e viver até o fim (subentendendo que ele deveria morrer de morte natural, após fazer tudo o que podia para estar vivo e bem).

    Essa mensagem teve um impacto positivo para ele. De uma só vez, Alex entendeu o porque de uma vida tão difícil, porque ele não devia se suicidar, e fazer o possível para viver bem por mais tempo possível e morrer de morte natural…

  11. Da vida, da morte e da Iluminação espiritual

    Enfrentamos desafios grandes e pequenos ao longo de nossas vidas. Os pequenos desafios se tornam grandes se eles se repetem frequentemente. Por exemplo, imagine uma irritação no tráfico: você está dirigindo e alguém vem da pista da direita e corta sua passagem, sem fazer sinal. Você fica naturalmente chateado, mas como você reage? Pensa “Ah, deixa pra lá. Ainda bem que nada aconteceu”, ou fica injuriado e faz um sinal feio para a pessoa? Eu me lembro de ocasiões em que reagi de ambos os modos. Talvez, seja por isso que situações assim se repetem. De certo modo, temos que adaptar nossas reações a situações que nos desafiam.

    Agora imagine uma outra situação: você esperou quase 2 meses por sua vez de ir ao dentista, e quando o dia chega você esqueceu completamente, apesar de ter escrito em sua agenda, e ter marcado o dia com um marcador. Quem você culpa por isso? Você culpa a si mesmo, culpa o mau tempo, o gato ou alguém outrem?

    Esses desafios irritantes e corriqueiros tendem a se repetir. Se não nos perdoamos por estarmos com raiva das condições de tráfico, ou por esquecer um encontro importante, esses episódios tenderão a acontecer de novo, até que consigamos nos distanciar desses eventos e nos tornarmos mais compassivos com relação a nós mesmos e aos outros.

    Há também exemplos de eventos mais graves, como a morte ou a separação de queridos amigos, ou de membros da família, a perda de um emprego, ou a mudança de casa. Em cada um desses eventos, temos que aprender a nos distanciarmos das pessoas e/ou dos eventos, e ser capazes de mudar a página do nosso livro da vida, de forma a podermos seguir em frente.

    Quanto mais aprendermos distanciamento e compaixão, mais perto estaremos da libertação de nossa necessidade de reencarnar e de continuar a aprender. Quando tomamos uma postura mais positiva, novos desafios aparecerão. É como se cada vez que aprendêssemos a reagir positivamente aos desafios, o nosso consciente se expandisse. Também desenvolvemos novas capacidades de enfrentar situações mais difíceis - desenvolvendo, ao mesmo tempo, uma couraça psicológica e a criatividade de encontrar novas saídas para nossas dificuldades.

    A vida parece ser uma sucessão de desapegos de nossas velhas atitudes, sentimentos e personalidades, até que estejamos completamente livres de nosso velho modo de ser. Ao mesmo tempo, nos tornamos mais amorosos para nós mesmos e para com os outros. A evolução espiritual significa aceitar nossas assim chamadas ‘qualidades positivas’ e reconhecemos, ao mesmo tempo, nossas ‘qualidades negativas’ ou nossa sombra. Nossas qualidades-sombra também podem ser necessárias para nossa sobrevivência, compreensão e integração na vida

    Concluindo, se aprendermos desapego, compaixão e amor durante a vida, e tivermos pensamentos positivos no momento de nossa morte (por exemplo, se sentir feliz por ter feito muita coisa na vida; que tivemos uma família/um parceiro amável, ou que era o momento certo de partir), talvez possamos nos libertar da necessidade de reencarnar. A liberação vai ser o mais perfeito desapego do sentimento de alegria ou tristeza, e estaremos num estado de equilíbrio perfeito, perfeita harmonia.

Anterior
Anterior

Exemplos de casos

Próximo
Próximo

Reflexões de Simone